A medida da direção do sindicato é uma ação direta em favor desta data, cuja celebração como feriado vem sendo obstada no Estado. Em Curitiba, entidades patronais foram ao Judiciário barrar o feriado que lembra a morte do herói Zumbi dos Palmares e a resistência dos africanos escravizados e seus descendentes no país. Desde o início, a APP esteve à frente do movimento pela instituição do feriado em Curitiba, que foi aprovado na Câmara Municipal no final do ano passado e se converteu em lei no início deste ano. A APP também integra o Comitê em Defesa da Data, juntamente com outros sindicatos, militância negra e movimentos sociais.
Tomando por base uma pauta de reivindicações históricas, o Dia da Consciência Negra visa a enfrentar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade, trazendo um efetivo debate acerca da contribuição dos negros na história do país. O feriado já é realidade em centenas de municípios brasileiros – inclusive do Paraná, como Londrina e Guarapuava –, contudo a classe patronal resiste em razão dos possíveis prejuízos financeiros que ela pode causar.
A alegação de perdas financeiras pode ser um argumento meramente utilitarista, no entanto, ao se desprezar uma data como o 20 de novembro, vilipendia-se toda a luta de reafirmação de um povo discriminado e historicamente injustiçado. Discriminação sentida todos os dias pelo racismo que, em pleno século XXI, ainda se vivencia, e injustiça pela situação de desamparo a que estes brasileiros foram submetidos no pós-Abolição e que persiste ainda hoje, com efeitos terríveis sobre a estrutura social do país, que coloca os negros nas base da pirâmide econômica.
Assim, apoiar o 20 de novembro com uma ação incisiva é fundamental para por a nu estas tentativas de deslegitimar a luta negra no Brasil e reafirmar a necessidade de política públicas efetivas para combater o racismo e suplantar esta condição de discriminação historicamente construída.