A atuação da APP-Sindicato e a mobilização da comunidade escolar barraram mais uma tentativa do governo Ratinho Jr. de fechar escolas que atendem comunidades que vivem em comunidades rurais. Quem comemora a notícia desta vez é a Escola Estadual do Campo Barra Bonita, localizada no município de Três Barras do Paraná (NS Cascavel).
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“Há cerca de 30 dias, o governo comunicou o fechamento. Hoje (20) eles viriam aqui para formalizar essa ação. Só que a comunidade se uniu, a APP deu um suporte bacana e fizemos um movimento. Eles vieram e anunciaram que a escola não vai mais fechar. Estamos muito felizes. Conseguimos reverter”, explica Sônia Roseli Ertel, dirigente da APP em Cascavel e pedagoga no colégio de Três Barras do Paraná.
A conquista da comunidade de Três Barras deve animar outras que lutam pelo mesmo objetivo, aponta Sônia. Outras sete escolas rurais continuam sob ameaça de fechamento pelo governo Ratinho Jr. “Temos na comunidade de Barra Bonita um ânimo e um exemplo pedagógico de que juntos somos fortes, enfrentamos essa imposição do governo e temos força para manter nossas crianças estudando no local a que elas pertencem”, afirma.
“Essa vitória dessa escola do campo tem uma dimensão muito grande, porque não é só a escola de Barra Bonita que está correndo risco de fechamento. É uma política desse desgoverno fechar escolas”, completa a educadora.
Articulação
A ameaça de fechamento de escolas do campo será debatida nesta quinta-feira (21) em uma reunião on-line convocada pela Articulação Paranaense Por Uma Educação do Campo das Águas e das Florestas. O encontro começa às 16h30.
“Vamos debater e planejar ações de resistência ao fechamento das escolas do campo, para fortalecermos nossa luta e definirmos estratégias efetivas”, afirma o coordenador da Articulação, André de Souza Fedel.
Repercussão
A intenção de Ratinho Jr. fechar escolas rurais repercutiu essa semana na Assembleia Legislativa do Paraná. Na segunda-feira (18), a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), encaminhou requerimento à Seed pedindo esclarecimentos sobre a possível desativação da Escola Estadual do Campo de Iolópolis, em São Jorge D’Oeste. O pedido foi motivado por denúncias da comunidade local, que aponta um movimento do Núcleo Regional de Educação de Dois Vizinhos para fechar a escola.
A comunidade de Iolópolis é formada por cerca de 70 famílias, em sua maioria agricultores familiares que dependem da unidade escolar para garantir o acesso dos filhos à educação básica. “Fechar uma escola no campo é muito mais do que desativar um prédio. É romper o vínculo entre a comunidade e o direito à educação, é desconsiderar a identidade, a cultura e a realidade dessas famílias”, disse a deputada.
Na terça-feira (19), as ameaças de fechamento motivaram a fala do deputado estadual Professor Lemos (PT) no plenário. “Uma das escolas é de Três barras do Paraná, fica na comunidade de Barra Bonita. A comunidade se levantou e não aceita o fechamento. As comunidades das oito escolas ameaçadas não querem, pois os estudantes terão dificuldade de se deslocar para longe de suas comunidades e podem ficar fora da escola”, alertou Lemos.
A educação do campo é um direito constitucional garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei 9.394/1996), especialmente no artigo 28, que prevê adaptações pedagógicas voltadas às comunidades rurais. Além disso, resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE), como as nº 1/2002, 2/2008 e 4/2010, estabelecem diretrizes para que as escolas do campo respeitem a identidade cultural, histórica e produtiva dessas populações.
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