Estudo aponta que Brasil foi segundo país que mais reduziu recursos para educação

Um estudo publicado produzido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) identificou que o Brasil foi o segundo país que mais reduziu o investimento de recursos públicos em educação entre 2015 e 2021. Durante o período, o percentual dos gastos públicos relacionados à área passou de 11,2% para 10,6%.

As informações fazem parte do relatório Education at a Glance (educação em foco) e foram divulgados na última terça-feira (10), onde os indicadores de 48 países foram analisados. 

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O Brasil gasta, em média, 20,5 mil reais com uma escola pública, um terço da média dos investimentos que países ricos investem.

Enquanto o Brasil reduziu os gastos, Luxemburgo, que ocupa a primeira posição, investiu R$ 140 mil por escola. Logo atrás estão Suíça e Noruega e abaixo do Brasil estão apenas a Romênia, Turquia, África do Sul, México e Peru. 

De todos os países analisados pelo relatório, apenas sete reduziram os valores de recursos públicos usados em educação. No Brasil, a queda de recursos para a área foi de 2,5%,enquanto a média dos países membros da OCDE, o gasto público em educação cresceu  2% nesse período.

Vale salientar que os dados são referentes ao ano de 2021, na gestão desastrosa de Jair Bolsonaro e no ano em que o país atingiu o pico de mortes durante a pandemia da Covid-19. Com a maioria das escolas fechadas, o governo brasileiro adotou uma postura inversa dos países ricos e optou pela redução de recursos para a educação de base.

Falta de escolarização e o pertencimento nas escolas

De acordo com o relatório, o Brasil sofre com a quantidade de adultos brasileiros que estão em “considerável risco de pobreza e de falta de oportunidades de trabalho” por não ter escolarização completa.

Embora tenha registrado uma queda, o Brasil registrou uma marca de 27% de adultos entre 25 e 34 anos que não completaram o ensino médio. Em 2016, o país chegou a registrar 35% de adultos sem completar a etapa.  Comparado à membros , o percentual caiu de 17% para 14%, entre 2016 e 2023.

Outro cenário preocupante é referente a jovens adultos, com idades entre 18 e 24 anos, que não conseguiram se manter na escola nem encontraram emprego. De 2016 a 2023, o percentual caiu de 29,4% para 24% no país. Ainda bastante acima da média da OCDE, que passou de 15,8% para 13,8%.

Em outro estudo, a OCDE identificou que nenhum dos países membros reúnem ao mesmo tempo três indicadores considerados importantes para um bom desempenho escolar: senso de pertencimento, clima disciplinar e apoio docente. Nenhum país possui esses três indicadores positivos. Os dados são baseados nas respostas dos próprios estudantes de 15 anos no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2022.

O Brasil fica em último lugar em relação ao senso de pertencimento e está também entre as piores colocações em termos do clima disciplinar nas escolas.

As informações foram apresentadas no estudo Perspectivas internacionais para a reforma da educação digital: Diálogos com foco em políticas para o Brasil, realizado pela OCDE e Fundação Itaú Social.

Importante no desenvolvimento do indivíduo, o pertencimento é peça fundamental para manter o(a) estudante na educação formal, evitando a evasão escolar e garantindo a formação do ensino médio, considerado pela OCDE, como requisito mínimo para uma vida plena.

Para isso, políticas educacionais pautadas na equidade, humanização e diversidade devem ser construídas por educadores(as) e estudantes, garantindo que a escola seja um espaço seguro e livre de violências.

A APP-Sindicato destaca que “Outra educação é Possível”, por isso luta para garantir que a escola pública avance e possa garantir a mudança deste cenário. 

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