Na data do 104º aniversário de Paulo Freire, Educação do Campo resiste no Paraná

Educadores(as) de todo o mundo festejam nesta sexta-feira (19) os 104 anos de nascimento de Paulo Freire. Nesta data, aproveitamos a memória gloriosa do patrono da educação brasileira para engajar a sociedade paranaense na luta contra a política do governo Ratinho Jr. (PSD) de fechamento de escolas do campo.

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Um dossiê elaborado pela Articulação Paranaense por Uma Educação do Campo, das Águas e das Florestas aponta que 45 escolas do campo foram fechadas no ano passado no Paraná e que a Secretaria de Estado da Educação (Seed)  quer fechar mais nove escolas no interior do Paraná, em 2026.

A pedagogia de Paulo Freire tornou-se uma das bases da Educação do Campo e, na data do seu aniversário, nos anima a resistir às tentativas de impor retrocessos que ameaçam crianças, adolescentes e direitos sociais e emancipatórios das comunidades do campo. 

Os colégios sob ameaça de fechamento a partir do próximo ano letivo estão nos municípios de Diamante do Sul, Três Barras do Paraná, São Jorge D’Oeste, São Jerônimo da Serra, Tomazina, Rosário do Ivaí, Mangueirinha, Roncador e Alto Piquiri.

A figura de Freire inspira a resistência a esse retrocesso com sua proposta pedagógica contra-hegemônica, capaz de balizar democraticamente a educação dos(as) educandos(as) do interior do Paraná.

Comunidades são contra

A Articulação aponta que a Seed pretende decidir os fechamentos desrespeitando a legislação, que determina realização de consulta às comunidades escolares e a elaboração de diagnósticos de impacto com 180 dias de antecedência, como determinam a Lei 12.960 e o artigo 28 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. As comunidades das nove escolas ameaçadas são contra os fechamentos.

“Os fatos demonstram que está em andamento processo de violação dos direitos fundamentais das cidadãs e cidadãos pelo Governo do Estado do Paraná, contra milhares de famílias que moram no campo paranaense”, registra o dossiê. A Articulação aponta que o fechamento de escolas do campo é uma política de negação ao direito à educação pública no local de origem e expressa a ausência de investimento público para atender a população.

Resistência

O trabalho e os ensinamentos de Paulo Freire animam os(as) educadores(as) do Paraná que defendem uma educação pública de qualidade, em que as comunidades escolares tenham voz na construção dos saberes. Seu legado dele serve como referência para a luta por um projeto educativo emancipatório, que parta da realidade dos(as) educandos(as) e valorize sua autonomia. 

O dossiê foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná e à Defensoria Pública, com pedidos de abertura de diligências e procedimentos que garantam a preservação do direito à educação de qualidade às comunidades ameaçadas.

“Considerando que a Escola do Campo desempenha uma função social importante, proporcionando aos estudantes um aprendizado alinhado à sua realidade do campo, com ensinamentos que transcendem a mera transmissão de conhecimentos científicos, abrangendo também aspectos culturais e sociais fundamentais para seu desenvolvimento integral”, justifica o texto do documento.

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