O Estado é culpado pelo adoecimento físico e mental dos(as) educadores(as) do Paraná

Aconteceu com uma professora de Cascavel, mas poderia ser com qualquer um(a) de nós.

Cansados(as), desvalorizados(as), adoecidos(as), submetidos(as) a jornadas extenuantes, com os salários congelados e pressionados(as) pelo Estado, os(as) educadores(as) do Paraná trabalham todos os dias à flor da pele.

A colega em questão foi gravada por alunos(as) em um claro momento de descontrole e submetida ao tribunal da Internet sem chances de defesa.

A exposição indevida da sua imagem é um absurdo à parte. Aqui, queremos abordar o que o vídeo não diz: a morte do marido por Covid-19, o diagnóstico de depressão e a obrigação de lecionar ainda que medicada, à espera da perícia médica para efetivar o necessário afastamento.

Sucateada, insensível e desumana, a Perícia Médica do governo Ratinho Jr. tem se transformado em uma máquina de moer educadores(as). O Estado nos massacra e, quando ultrapassamos o limite da exaustão, nos nega o direito de cuidar da própria saúde.

São inúmeras as situações de desrespeito à dignidade da categoria em todo o Paraná. A professora de Cascavel não está sozinha. Não é a primeira e não será a última a ceder sob a pressão do descaso.

Sem uma radical mudança nas políticas de desvalorização da categoria e destruição de direitos, sem um olhar mais atento ao sofrimento cotidiano destes profissionais, sem acolhimento e uma perícia médica ágil e qualificada, muitos outros casos virão.

A educação pública e as nossas vidas estão sob ataque. Trabalhamos há quase seis anos com os salários congelados e os direitos ameaçados. Gostamos do que fazemos, mas não somos máquinas. Também temos contas, famílias, obrigações, expectativas e sonhos.

As decisões políticas têm consequências reais em vidas reais. Queremos trabalhar com dignidade.

A APP-Sindicato presta irrestrita solidariedade à professora.

Como escreveram seus colegas em nota: “Não se pode julgar uma vida de trabalho dedicados com maestria a educação por um vídeo qualquer gravado fora de contexto. (…) Por você e com você exigimos respeito dentro e fora de sala, condições dignas de trabalho e preservação de nossa imagem e nossos direitos.”

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