De volta aos dias de estudo e planejamento pedagógico, o Clima Escolar mais uma vez é tema encaminhado pela Secretaria da Educação (Seed) para debate nas escolas. Desta vez, relacionado à inclusão, diversidade, saúde mental e situações de violência.
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Quando analisamos os documentos orientadores, é fácil identificar que a centralidade do debate não está em pensar a escola e as práticas escolares que garantam a inclusão e o fim das situações de exclusão, discriminação e violências. Em ano de Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a centralidade se reduz a atingir metas de desempenho nas avaliações de treinamento para conquistar notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Ao tratar das estratégias para a permanência e aprendizagem escolar, a Secretaria da Educação encaminha ações que estão diretamente atreladas à política de resultados nas avaliações externas, em busca de índices para elevação do Ideb por meio dos mecanismos empresariais na educação. Não considera que as estratégias devem perpassar o currículo, todos os componentes curriculares, a autonomia docente e o reconhecimento da realidade da comunidade escolar na sua ampla diversidade social, cultural e econômica.
O material orientador produzido pela Seed se divide em apresentações para o Ensino Regular, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Escolar Quilombola, Educação Especial, Educação Profissional, Educação em Tempo Integral e Colégios Cívico-Militares.
Em apenas dois dias, as reflexões seguem a lógica dos resumidos dados de frequência e desempenho nas avaliações, sem nenhuma contextualização com as condições de trabalho e estudo, tanto estruturais, materiais, quanto metodológicas. Ainda tem o agravante do pouco tempo previsto para aprofundar a análise da realidade escolar e das diversas causas do clima de adoecimento e violências que podem estar relacionadas à constante pedagogia de resultados.
As dimensões do clima escolar devem perpassar pela valorização de quem ensina, dirige e organiza o trabalho pedagógico, assim como de quem cuida da limpeza, da merenda, da secretaria de escola. Esta valorização vem acompanhada de autonomia para realizar o trabalho, de estabilidade e vínculo permanente com a comunidade escolar, que só pode ocorrer com a garantia de concurso público e com participação democrática na gestão desde a eleição da direção escolar até o desenvolvimento do planejamento escolar.
Não é por acaso que a forma apresentada do material dos dias pedagógicos camufla o assédio organizacional. Os dados para a reflexão levam à invisibilidade da responsabilidade das políticas educacionais gerenciais da Seed, que produzem o adoecimento físico e mental tanto de educadoras(es) quanto de estudantes.
A APP-Sindicato convida toda a categoria a fazer o debate a partir da forma como o Governo do Paraná organiza o processo educacional com base em cobrança abusiva por metas, pelo uso de plataformas digitais, com vigilância permanente e violação de direitos trabalhistas, com militarização e privatização que são expressões de uma gestão autoritária e que desvaloriza a educação pública.
Para subsidiar este debate, conforme deliberação da Assembleia Estadual da APP, realizada em junho, o sindicato elaborou uma cartilha de enfrentamento ao assédio moral e institucional, que está sendo entregue em todas as escolas. O objetivo da cartilha é orientar e fortalecer a luta coletiva em defesa da escola pública de qualidade, livre de assédio e com direito a um ambiente de trabalho seguro, digno, respeitoso e saudável.
>> Cartilha de enfrentamento ao assédio moral e institucional na educação pública do Paraná
Desejamos um bom segundo semestre!
Direção Estadual da APP-Sindicato
Curitiba, 23 de julho de 2025.